quarta-feira, 9 de novembro de 2011

2 anos de São Paulo

Estava lendo sobre a última ação da PM no campus da USP e a reintegração de posse do prédio da reitoria. Era um texto intenso e verdadeiro de uma aluna que estava lá e pode presenciar todo o “espetáculo”. Curiosamente hoje, exatamente hoje, completo 2 anos que moro em São Paulo e me intriguei com a sensação involuntária que tive após ler o texto. Era uma indignação legítima, porém sem o sentimento de pertencimento àquele contexto, como se não estivesse acontecendo na cidade em que moro.

Sim, eu gosto de São Paulo, gosto da rotina que tenho, gosto dos lugares que aprendi a frequentar e gosto principalmente das pessoas incríveis que conheci aqui, não tenho dúvidas disso, mas percebi que se esse tipo de manifestação ocorre-se na UFF, onde estudei, ou até mesmo na UFRJ ou outra Universidade do Rio de Janeiro, eu teria uma sensação muito mais intensa. Ficaria tomada pela raiva, talvez choraria e certamente teria vontade de comprar uma passagem imediata para lá, como me senti nos dias de terror em que os “Caveirões” rodavam pela cidade e os cidadãos cariocas ficaram presos em casa.

Não esqueço o dia em que vi no noticiário pela manhã o caos causado pela chuva no Rio de Janeiro. Entrei em pânico, corri para ligar para todos que eu podia e me desesperei por não estar lá, sofrendo junto. Por mais caótica que a situação estivesse, era lá que eu queria estar e não vendo tudo de longe, como em uma vitrine de horror e dúvida, sem saber de fato o que estava acontecendo. Os 40 dias de chuva que tivemos em São Paulo no início de 2010 não tiveram nem metade desse impacto em mim, admito.

Saindo do tema “tragédias”, conheci lugares especiais aqui em São Paulo nesses dois anos. Sou fã incondicional de um bom passeio no bairro da Liberdade, de buscar um pouco de natureza no Ibirapuera e de observar a diversidade no melhor ponto de São Paulo, a esquina da Augusta com a Paulista. Acredito que seja o lugar em que melhor me sinto na capital paulistana, pela riqueza humana que circula ali.

São Paulo é uma cidade incrível, sem dúvida. Ouso dizer que deve ser uma das mais incríveis do mundo e é um grande privilégio morar aqui, mas eu ainda não sei andar de ônibus direito aqui. Também não sei ao certo as melhores estações de rádio para se ouvir.

Sinto falta da sensação de segurança (sim, segurança!) de saber exatamente aonde ir e como chegar lá, qual melhor caminho e que ônibus pegar. De poder encontrar algum conhecido andando pela Tijuca ou Niterói – quando estou no Rio eu tenho a sensação de que isso pode acontecer a qualquer momento e é tão bom – e também de outros prazeres inenarráveis como andar de barca ouvindo o som da água, tomar um chá com algum amigo de longa data na Cavé, perto do Villa Lobos, onde tive minhas primeiras lições musicais e podia ouvir a mistura do sax, com o oboé e a aluna de canto lírico.

Rio só de lembrar o quanto um passeio pelo Shopping Tijuca hoje me agrada e antes era um martírio porque “a escola inteira passeia lá...”. Rio de felicidade quando desembarco no Santos Dumont e sinto o cheiro do mar, sensação essa que jamais havia sentido antes, afinal o cheiro do mar, é o cheiro do Rio e quem sente todo dia já não sente mais.

Estou rindo por ter percebido que “Rio de Janeiro” começa com o verbo “rir” e quer saber? Minhas risadas mais gostosas são cariocas.
Hoje posso falar com propriedade que o Rio de Janeiro é lindo e não por copiar alguma letra de música, mas porque de fato consigo apreciar a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Aterro do Flamengo e a naturalidade das pessoas em roupas de banho andando pelas calçadas de Copacabana. Mesmo que essa apreciação seja de dentro do meu querido 415, que eu conheço o itinerário de cor.

Ouço muitas pessoas criticando os eventos esportivos que virão, e também tenho minhas preocupações, mas no fundo, meu coração carioca torce muito para que dê tudo certo, para que o Rio sorria ainda mais para quem chegar e que eu possa participar dessa sensação única que toma as pessoas apesar das desgraças.

Enfim, São Paulo, você é ótima! Obrigada por ter me abraçado tão graciosamente. Jamais perderei a admiração que conquistei por ti, mas minha alma estará sempre vagando pela Tijuca, Av. Presidente Vargas, N. Sra. de Copacabana, Praça Saens Pena, Barca Rio-Niterói, Rua Conde de Bonfim e redondezas.

domingo, 22 de maio de 2011

Voltando

Tenho lembrado muito de escrever aqui, mas não tenho vindo efetivamente, o que é um erro. Esse blog é como um espaço livre para ideias. Eu posso escrever sobre o meu trabalho como posso escrever sobre uma lagarta que vi na praça. Não tenho a obrigação de trazer dados ou informações relevantes para ninguém (afinal, não creio que tenha leitores aqui) e confesso que também não tenho a pressão de escrever com precisão ortográfica, o que deixa tudo mais leve =)

Essa é a última semana em Belo Horizonte e na próxima semana começa efetivamente minha vida como trainee de RH. Chega de vender sorvete! Estou animadinha, mas sem muitas expectativas porque ainda não sei o que vou de fato fazer.

De verdade eu tô completamente eufórica e ansiosa para voltar para minha casa, meus amigos e aos lugares que eu gosto! Vou voltar a pintar as unhas (limpando freezer de sorvete todo dia não rola), a me arrumar pra trabalhar (aqui é tenis surrado, jeans e a camisa da kibon), a cozinhar!!! Ficar 3 meses longe de um fogão é uma provação imensa pra mim que gosto tanto da minha comidinha =(

Enfim, tantas coisas que eu hoje dou muito mais valor que antes...e logo logo terei de novo =)
São Paulo, I'm coming back!!!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Transbordos ouvindo Adele

Transbordo: s.m. passagem de carga e/ou passageiros de um meio de transporte para outro.

Um dia eu serei livre.

Livre como qualquer pessoa deveria ser, mas poucos conseguem. Livre de ordens, sistemas e obediências que ferem e desonram a verdadeira essência do que deveria nos motivar. E não mais usarei a palavra “motivação”, que nada mais é do que um artifício plastificado para iludir aqueles que não conseguem enxergar a verdadeira liberdade.

A liberdade do ir e vir legítimo. Ir para longe, ficar perto ou simplesmente poder admitir com orgulho que seu corpo estava presente, mas sua mente estava em um lugar muito melhor. E convidar os presentes para se unirem na sua viagem.

Terei a ótima sensação de partilhar gostos, poesias e sabores sem vergonhas ou julgamentos. Poderei ficar ao lado de quem eu apoio e levantar a bandeira das causas que me movem a gritar em silêncio no meio de uma multidão complexa que chamaram de “sociedade”. Será possível ser individualista sem invadir o espaço do outro, já que a liberdade deve abraçar a todos.

Para que essa utopia perca esse rótulo será preciso respeito.
E em primeiro lugar, respeito a si.

E que o respeito a si se transforme em orgulho, já que não será possível assumir uma liberdade conquistada sem sentir que o que nos pertence tem valor. Um valor inestimável, muito maior do que hierarquias, jogos, competições e sorrisos maliciosos de pessoas presas em suas próprias cadeiras, digo, cadeias.

Por fim...apenas sinta.
Stand by me, and I’ll stand by you.